20070526

A minha cabeça dói

Eu preferia que gritasses. E com os polegares marcando-me as costas, que me abanasses o corpo doloroso. Que me dissesses palavras aguçadas, que me cortasses com elas o coração em farrapos.

Não me apetece ver ninguém. Não me apetece mover-me sequer. O breve movimento das minhas mãos sobre o teclado pesa-me nos músculos dos braços e na nuca. Respirar custa, como se nunca o tivesse feito. Não me apetece ver - não quero ver ninguém. Mas quero um abraço. Um abraço quente que me envolva noutra coisa qualquer que não este mundo. Quero sentir a pele de alguém contra a minha, quero um segundo só! Um segundo só de vida por o que parece uma eternidade de farrapos moribundos. Respirar custa. Pensar dói.

Deixaste tertúlias de odor na minha almofada, e ela não me deixa esquecer-te. Mas o sono esquece-te, transformando o teu rosto num emaranhado de manchas cremes. Só me lembro dos teus olhos cruzados de veias vermelhas. Só me lembro do teu carinho [a minha cabeça dói]. Se voltares já... volta! Se voltares eu peço perdão! Mas não voltas, e o perdão não chega, e choras porque eu choro e eu nem sei porquê!

Não posso continuar assim.
Tem de ser.
Será que já chegaste?

Sem comentários: