20070808

Sabes o que é que eu acho? Acho que é tudo demasiado grande fora das nossa musculatura esqueléctica. Por mim, nunca saía de dentro de nós.

(Ou seja, de dentro do nosso ponto de vista)

Mas a mim colaram-me mal as órbitas, e elas têm uma tendência irritante para saltarem de um lado para o outro.

O que quero dizer é: quando as pessoas morrem, como é que morrem, se continuam a existir?Quando o cheiro delas paira no ar, ou numa roupa, não é o cheiro delas? E se é o cheiro delas, como é que podem estar mortas? As roupas delas, não são delas? Os momentos, não são com elas? E as lembranças, não são delas, as vidas, as casas, tudo?

E quando nos esquecemos, elas deixam de existir para sempre?

Então só existimos enquanto deixamos rasto? E quem vive para ser esquecido, como tu...

...nunca existiu?

Tenho saudades tuas. Não sei como posso explicá-las de maneira diferente. Tenho saudades da pessoa que era quando estava contigo, aquela que tenho tentado ser mas não consigo. E só agora me apercebi, que depois da tua morte, mantive-me viva a tentar sobreviver ao mim e a ti daquela altura. Porque tu exististe, dentro e fora de mim. Porque se eu soubesse tinha esgotado tudo para tu não teres esgotado o oxigénio no sangue, para tu não teres esgotado a dose nas veias.

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