20070828

Roubaram-me.

Aquela era a minha canção. Não era nem a primeira, nem a última das canções da lista. Estava escondida no meio, como um segredo bem guardado. Não era assim tão melódicamente diferente das outras. E no entanto, como um segredo subliminar, algo naquela música despertou a minha atenção - era daquelas músicas desconhecidas para os outros, uma música que conhecia de cor, desde os instrumentos ás variações de voz da cantora. Nem vos sei dizer quantas vezes a cantei, repetidamente, pela boca ou pelo cérebro. Ninguém mais a conhecia ou gostava dela tanto quanto eu. Tinha arrepios na espinha só de prever o seu som. E no entanto, gradualmente, deixei de a ouvir. No meu mp3, outros cds a substituiram. Mas ela estava sempre na minha cabeça, um amor adiado, acreditem!

Foi hoje que a vi de novo.
As suas letras brutalmente expostas no messenger mais comum.
Como se pertencessem a outra pessoa qualquer.
Como posso explicar a raiva, o ciúme, a inveja... como lhe posso dizer que não pode ouvi-la, adorá-la, pronunciá-la e dissecá-la assim, como eu já fiz?
A verdade sei-a bem. Ela não me pertence. Mas continuo a pensar que sim. E por momentos imagino que, anteriormente, já alguém a tiha escutado e possuído. Talvez seja esse mesmo o seu destino, pousar de ouvido em ouvido, sendo amada por todos à vez. A quem será que roubei eu aquela música?

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